Edição: 1ª Edição
Autor: Vander Vieira
Acabamento: Brochura
ISBN: 9786589624554
Data de Publicação: 31/08/2021
Formato: 21 x 15 x 1 cm
Páginas: 84
Peso: 0.1kg
Sinopse
“Dois” é um livro para os outros. Não há literatura que se mantenha de pé apenas para um: é necessário o dois, o segundo, o outro. Sem olhos, ouvidos e corações bem abertos e dispostos, a poesia – natimorta – naufraga. Jean-Paul Sartre afirma que são os olhos do leitor que completam o trabalho do escritor. Sérgio Sampaio diz que um livro de poesia na gaveta não adianta nada, pois lugar de poesia é na calçada. É a comunhão com o outro que possibilita a póiesis, o nascer do nada, sem chão, sem antecedentes. Esse é o mote deste livro: uma poesia gerada a partir de um olhar que, além de precisar do outro para “ser”, persegue uma existência comum e preocupada com o outro. “Dois” é um grito que sai do mesmo chão – caótico, violentado, absurdo – abordado em cada um de seus poemas, um livro feito para aqueles que não aguentam mais tanto sangue derramado, tanto corpos pretos sem vida e amordaçados, tanto prato vazio, tanta gente sem terra e sozinha: um livro para os outros.
SOBRE ESTE LIVRO
Palavras são memórias em signos e fonemas. Na poesia, não é diferente e a tarefa permanece a mesma: comunicar memórias. É isto que Vander Vieira nos comunica em suas poesias. Em “Dois”, temos e somos a memória de seu universo artístico. “Dois” entrega memórias dos que estão do lado de lá do cadeado, do lado de cá dos prédios que guardam medo, do lado de lá de quem é visto nas palafitas e mora ali embaixo da Ponte da Passagem. O autor comunica, mesmo mudo, o lancinante sentimento de pontes necessárias que ligam dois ou mais corações despedaçados. Corações já parados, descaminhados, ou em movimento fugidio, todos estão nas memórias abertas pelas páginas que lhes caem à mão; quiçá são estas páginas o testamento de um duradouro amor ensanguentado que o autor faz sentir quem o lê (em sua poesia isto é um pleonasmo). No fim das contas (ou começo?), talvez seja mesmo o amor o fio da querência que liga a mão à caneta, e esta ao papel. As memórias do universo de Vander Vieira nos fazem questionar se navegar é preciso, se somos tudo, menos porcos, frios e egoístas. Talvez a poesia seja mesmo um destinar, como entrega o autor: ela não é, apenas prepara; prepara a memória do que o leitor ainda não sabe, ainda não sentiu. Quem sabe, então, tenha você em mãos o preparar de memórias do porvir, e a poesia, infinda que é, possa lhe aparar as arestas, curar as chagas e esquecer os bulidos.
Cleiton Barbosa
Professor de Filosofia