Edição: 1ª Edição
Autor: Ana Lavrador
Acabamento: Brochura
ISBN: 9786586526479
Ano de Publicação: 2020
Formato: 23 x 16 x 2 cm
Páginas: 108
Peso: 0.1kg
Data de Lançamento: 30/10/2020
Sinopse
“CARTOGRAFIA DA ESTRANHEZA, NO ROTEIRO DE LIBERTAÇÃO”,
Regina Correia *
Submetidos ao jugo inusitado do confinamento, em tempo plúmbeo de pandemia, por razão de um microscópico ainda-meio-desconhecido vírus, surge-nos, nítida, ao ouvido, a voz inspiradora de Mia Couto (in O outro Pé da Sereia), como alavanca vital do sonho: “A prisão é um lugar onde se dorme muito e o sonho substitui o viver. É a única coisa que o sistema não pode encarcerar: os sonhos”.
É nesse andamento de rio (quase) profético de destruição do entorpecimento, que Ana Lavrador vai construindo e encenando um diário da “prisão”, em versos dialogantes com a realidade circundante, numa cartografia do corpo físico e anímico da cidade e da casa, agora “nicho possível de universo” (p.), e com o eco dos sonhos onde, ousadamente, porque convicta, espreita e avança a Liberdade.
Em sua lavra poética lúcida, inspirada, comprometida, acompanhamos Ana Lavrador, num “tempo suspenso” (p. ) das criaturas e das coisas, como consciência de asfixia abrupta feita de silêncio, de medos, enraizada na estranheza e no vazio material e psicológico, em modo de fatalidade. Simultaneamente, vislumbramos, em cada sinal do inventário do desconforto, a luz que ensina o itinerário do resgate colectivo e individual, em regozijo ecológico do abrandamento da mão humana sobre o mundo, dando berço ao sentimento paradoxal de saudade futura dos tempos da quarentena.
Assume-se, enfim, pela arte, o vértice de uma certa catarse psicanalítica da noção de culpa, de pecado capital, de estampa da morte. E os “dias sem nome” (p.) regressarão ao calendário solar dos “eleitos que têm na palavra arma, e na poesia forma de resistência” (p.).
* Não segue a grafia do Novo Acordo Ortográfico de 1990.