Edição: 1ª Edição
Autor: Maria Judite de Carvalho
Acabamento: Brochura
ISBN: 9789898866219
Ano de Publicação: 2020
Formato: 23 x 16 x 2,5 cm
Páginas: 240
Sinopse
A presente
coleção reúne a obra completa de Maria Judite de Carvalho, considerada uma das
escritoras mais marcantes da literatura portuguesa do século XX. Herdeira do
existencialismo e do nouveau roman, a sua voz é intemporal, tratando com mestria e um sentido
de humor único temas fundamentais, como a solidão da vida na cidade e a
angústia e o desespero espelhados no seu quotidiano anónimo.
Observadora exímia, as suas personagens convivem com o ritmo
fervilhante de uma vida avassalada por multidões, permanecendo reclusas em si
mesmas, separadas por um monólogo da alma infinito.
Este primeiro volume inclui as duas primeiras coletâneas de
contos de Maria Judite de Carvalho: Tanta Gente,
Mariana (1959) e As Palavras
Poupadas (1961), Prémio Camilo Castelo Branco.
Tanta Gente, Mariana
«E a esperança a subsistir apesar de tudo, a gritar-me que
não é possível. Talvez ele se tenha enganado, quem sabe? Todos erram, mesmo os
professores de Faculdade de Medicina. Que ideia, como havia ela de se enganar
se os números ali estavam, bem nítidos, nas análises. E no laboratório? Não era
o primeiro caso? Lembro-me de em tempos ter lido num jornal? Qual troca! Tudo
está certo, o que o médico disse e aquilo que está escrito.»
As Palavras Poupadas (Prémio Camilo Castelo Branco)
«- Vá descendo a avenida - limita-se a dizer. - Se pudesse
descer sempre - ou subir - sem se deter, seguir adiante sem olhar para os
lados, sem lados para olhar. Sem nada ao fim do caminho a não ser o próprio fim
do caminho. Mas não. Em dado momento, dentro de cinco, de dez minutos, quando
muito, terá de se materializar de novo, de abrir a boca, de dizer «vou descer
aqui» ou «pare no fim desta rua» ou «dê a volta ao largo». Não poderá deixar de
o fazer. Mas por enquanto vai simplesmente a descer a avenida e pode por isso
fechar os olhos. É um doce momento de repouso.»
Por «As Palavras Poupadas» vai passando, devagar, o
quotidiano anónimo de uma cidade, Lisboa, e dos que nela vivem.
Autor
MARIA JUDITE DE CARVALHO
Maria
Judite de Carvalho (1921-1998) foi uma escritora portuguesa, unanimemente
considerada uma das vozes femininas mais importantes da literatura nacional do
século XX. É autora de contos, novelas e crónicas, assim como de uma peça de
teatro e de um livro de poesia. Trabalhou nos periódicos Diário de Lisboa,
Diário Popular, Diário de Notícias e O Jornal.
Foi
casada com Urbano Tavares Rodrigues, de quem teve uma filha, e viveu em França
entre 1949 e 1955, ainda antes da sua estreia literária. O resto dos seus anos,
passou-os na capital portuguesa.
«Flor
discreta» da nossa literatura, como lhe chamou Agustina Bessa-Luís, a obra de
Maria Judite de Carvalho foi várias vezes galardoada, destacando-se o Grande
Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, o Prémio da Crítica da Associação
Portuguesa de Críticos Literários, o Prémio P.E.N. Clube Português de
Novelística e o Prémio Vergílio Ferreira.