Edição: 1ª Edição
Autor: Mauro Pommer
Acabamento: Brochura
ISBN: 9786589624585
Data de Publicação: 31/08/2021
Formato: 21 x 16 x 1.5 cm
Páginas: 152
Peso: 0.1kg
Sinopse
ATARAXIA constitui um estado de paz e felicidade, próprio a quem não se deixa perturbar pelas paixões ou atribulações da vida. O medicamento experimental Atarax — desenvolvido por uma multinacional farmacêutica —, promete induzir a tal estado, e se encontra em sua fase de testes com humanos voluntários. Porém, os efeitos colaterais se revelam maiores que os pretendidos benefícios, criando um grupo de adictos assombrados por seus fantasmas interiores e obcecados por dinheiro vivo, única “substância” capaz de fazê-los recuperarem a quietude. A organização desses usuários lesionados em uma espécie de seita aparece como passo natural e inevitável, para que uma versão banida e perigosa da droga possa continuar circulando. E isso não se dá sem recurso ao banditismo e ao risco pessoal.
Crônica de resistência por um lado, alegoria dos impasses brasileiros por outro, esse proto-filme inspirado nos clássicos do expressionismo alemão (a Alemanha durante a ascensão do nazismo e nosso quadro atual têm estranhas ressonâncias) é narrado no formato de um roteiro cinematográfico, com a aspereza e a objetividade capazes de imergir o leitor no perturbador imaginário de um país sempre em transe, acossado por sua elite sanguinária e destituída de qualquer empatia.
Sobre este livro
Esta estória retrata, através de uma alegoria, certos aspectos inescapáveis de nosso duro cotidiano atual — a falta de rumo claro para a vida, a obsessão pela materialidade do dinheiro como valor material, a naturalidade com que tantas pessoas se rendem às seitas —, pero sin perder la ternura jamás pela humanidade das personagens, com suas contradições, fragilidades, e seu eventual heroísmo. Personagens que, longe de aceitar serem títeres nas mãos dos manipuladores, lutam para impor-se como indivíduos donos de seus destinos, mesmo de modo equivocado.
Tal narrativa, inevitavelmente, leva-nos a evocar políticos de diferentes partidos, flagrados em casa ou no aeroporto com dinheiro na cueca; assim como os 51 milhões de reais guardados em várias malas carregadas de dinheiro vivo, estocadas no apartamento de um ex-deputado baiano e, então, ministro de Estado, obrigado a movimentá-las frequentemente para as notas tomarem sol e não mofarem.
Nosso país tem, em seu projeto imaginário, a desmesurada ambição por uma vida em eterna paz, porém, sob o constante risco de se tombar na “paz eterna”. Com isso, o gozo da vida cotidiana e uma desenfreada pulsão de morte misturam-se aqui em igual medida. Os acontecimentos locais das últimas décadas permitiram escancarar (para quem preferia não ver) a perturbadora violência em que se move o dia-a-dia do brasileiro. Talvez, o único ganho decorrente desse desnudamento da falta de caráter presente em tantos psicopatas, transitando com afetada galhardia pela vida pública brasileira, seja a nova luz lançada sobre seus covis vampirescos.
A problemática convivência entre a luminosidade tropical e a obscura alma dos sugadores do sangue da nação coloca-se como tema central nesta obra. Convenientemente situada em Curitiba, terra da operação Lava-Jato, a presente estória expõe algumas das entranhas desse contínuo experimento chamado Brasil.